Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, muitas empresas estão deixando de lado o home office e exigindo a volta ao trabalho presencial. A mudança reflete uma combinação de fatores que vão da tentativa de retomar o controle da produtividade até dificuldades na gestão de equipes remotas.
A análise é de Pedro Signorelli, especialista em desenvolvimento organizacional. Para ele, há um movimento claro por parte das companhias em fazer com que os funcionários retomem a rotina nos escritórios, parcial ou totalmente.
A justificativa mais comum tem sido o aumento da interação entre as equipes e a expectativa de ganhos em foco e produtividade.
Vagas remotas se tornam mais raras
Segundo Signorelli, a redução do trabalho remoto pode ser observada também nas plataformas de recrutamento. Vagas 100% home office, antes abundantes no LinkedIn ou na Gupy, estão mais escassas. Ao mesmo tempo, aumentam as oportunidades presenciais.
Ele afirma que esse cenário tem origem em falhas dos dois lados. Por parte dos trabalhadores, há casos de pessoas que não cumprem a jornada adequadamente. Por outro lado, muitas empresas não desenvolveram capacidade de liderança à distância e acabam apostando no microgerenciamento, o que torna o trabalho mais desgastante.
Despreparo da liderança compromete modelo remoto
Na avaliação do autor, a maioria das empresas não conseguiu evoluir em relação à gestão de equipes online. Ainda hoje, lideranças tendem a exigir controle constante das atividades dos funcionários, o que demonstra dificuldade em estabelecer confiança.
A ausência dessa confiança, segundo ele, enfraquece as possibilidades do trabalho remoto prosperar de forma equilibrada.
Para Signorelli, o exemplo do Spotify — que manteve o modelo remoto sob o argumento de que seus funcionários são adultos — é exceção, não regra.
Híbrido pode ser alternativa, mas com equilíbrio real
Apesar da retração do home office, Signorelli não considera o retorno integral ao escritório uma solução eficaz.
Segundo ele, muitas empresas correm o risco de perder talentos, especialmente aqueles que moram longe do local de trabalho e não encontram retorno financeiro que justifique o deslocamento diário.
Ele defende o modelo híbrido, desde que não seja apenas uma concessão simbólica. “Não adianta colocar quatro dias presenciais e apenas um remoto e querer chamar isso de híbrido”, afirma.
Qualidade de vida ainda é argumento relevante
O especialista destaca que o home office continua sendo vantajoso em aspectos importantes. Um deles é a qualidade de vida, já que evita longos deslocamentos e permite melhor aproveitamento do tempo.
Na visão dele, ainda é possível adotar um modelo que favoreça tanto empresas quanto trabalhadores. No entanto, será necessário desenvolver lideranças preparadas para atuar com equipes online, ao mesmo tempo em que os funcionários devem manter responsabilidade e produtividade, mesmo em casa.
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